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(Artigo para Presença Diocesana)

Damos testemunho do Verbo da vida: Aquele que existia desde o princípio, que temos ouvido, que temos visto com os nossos olhos, que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado... 1Jo 1

A nossa vida contemplativa de Monjas Carmelitas Descalças é um dom do Espírito, que nos convida a uma misteriosa união com Deus, vivendo em amizade com Cristo e em intimidade com a Bemaventurada Virgem Maria; a oração e a imolação fundem-se vivamente com um grande amor à Igreja (Constituições, 10).

Santa Teresa de Jesus, fundadora do Carmelo Descalço, indicou-nos como serviço eclesial a oração e a imolação, finalidade de nossa vocação: Estando encerradas pelejamos por Ele (Caminho de Perfeição, 3,5). Assim, pertence ao mesmo ser do nosso carisma penetrar de zelo apostólico a oração e toda a vida consagrada. Concretamente: todas ocupadas em oração por aqueles que são os defensores da Igreja (CP 1,2). Esta ânsia apostólica é muito viva no coração da Monja Carmelita. Santa Teresa do Menino Jesus, a realizou em tal profundidade que mereceu ser proclamada por Pio XI a maior missionária dos tempos modernos.

Na Exortação Vita Consecrata n° 8 recolhemos os elementos característicos da vida integralmente contemplativa: Na solidão e no silêncio, mediante a escuta da Palavra de Deus, a realização do culto divino, a ascese pessoal, a oração, a mortificação e a comunhão do amor fraterno, orientam toda a sua vida e atividade para a contemplação de Deus.

A missão mais atual e mais urgente do Carmelo no mundo dessacralizado de hoje emerge da natureza de seu próprio "mistério", que é essencialmente interiorização. O Carmelo está apontando o remédio contra a avidez do ter, do prazer e do poder (VC 108) e não poderá permanecer alheio aos desafios atuais.
Exatamente por isso, hoje o Carmelo tem a dizer pelo testemunho de sua vida que a experiência de Deus é experiência da dignidade do homem e da mulher... Proclama e difunde por si mesmo o primado de Deus e a transcendência da pessoa humana, criada à sua imagem e semelhança (VS 16). O homem é "capaz" de Deus; todos são chamados à comunhão com Deus!

Quem conhece um Carmelo, lugar recluso e afastado, descobre alegria e vida em abundância, sinal de contradição segundo o padrão de felicidade oferecido pelo nosso mundo. Esta Casa é um Céu, se o poder haver na terra, para quem só se contenta em agradar a Deus (CP 13,7).

A cotidianidade de nossa vida transcorre em clima de simplicidade, oração, trabalho, solidão e fraternidade, levando o selo de uma existência sumamente humilde e insignificante. O trabalho, quase sempre manual, inseguro no ponto de vista econômico, não se presta a "auto-realizações" segundo os critérios humanos. Mas, é precisamente neste encontro entre o sublime e ordinário que se realiza o mistério da nossa comunhão com Deus.

Inundadas de Deus até contagiar dEle a quem as trata e praticando as virtudes cristãs com heroísmo, sabem fazê-lo com uma naturalidade e discrição, com uma alegria tão contínua, que são a melhor prova da verdade daquela palavra do Senhor : ‘que seu jugo é suave e seu peso é leve ' (Carta dedicatória de Frei Luis de Leòn à Madre Ana de Jesus e comunidade de Madrid).

É assim a geração dos que vos procuram, dos que buscam vossa Face, ó Senhor! Sl 23(24),6